Quando falamos em existência pensamos logo na célebre frase cartesiana “Penso logo existo”.
Quando morei em Marília - SP, costumávamos visitar moradores de rua com uma comunidade religiosa (Toca de Assis) e lembrei-me deste episódio. Certa ocasião, um irmão de rua procurou uma delegacia de polícia para registrar uma agressão sofrida, chegando ao recepcionista foi indagado:
- Tens documentos?
Ele afirmou:
- Não.
- Onde moras? - prossegue o entrevistador.
- Não tenho onde morar! - responde, sem jeito, o irmão de rua.
O atendente pergunta: - Qual seu nome completo?
- Todos me chamam de Tião!
Daí o funcionário, dá o golpe definitivo: - Meu caro, sem endereço, documento e nome, para o Estado, você não existe, positivo. Tenha uma boa noite! - disse o recepcionista em voz intransigente.
Nós filósofos devemos no perguntar: Como? Pensar não é existir? Como na célebre cartesiana. Não tenho dúvida que este morador de rua pensava (em como se alimentar, onde dormir, e outros pensamentos próprios de cada ser). Daí, indago: Afinal, ele existe? Ou não?
Tento responder a pergunta da seguinte maneira, seguindo a linha de raciocínio da antropologia filosófica, que afirma que a existência não está submetida a nome, trabalho, moradia, embora isto faça parte do existir. Mas num linguajar existencial antropológico, o ser humano existe enquanto pessoa, gente, sonhador, lutador e sofredor. O que vai implicar a existência deste morador de rua é o meu e o seu tratamento para com essas e tantas outras pessoas que ficam à margem da existência humana.
O que fazemos para mudar esta realidade? Independentemente de sermos políticos, nossas atitudes devem ser prol dos menos favorecidos.
Esta história parece um mito, mas não é. É a mais pura verdade da realidade brasileira.
Quando eu criarei consciência ética e responsável para cobrar postura semelhante dos outro?
Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo)
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9 de setembro de 2008 às 11:20
Nunca tivera visto a existência desse ponto de vista, achei pertinente à observação do autor do texto.
O que fundamenta a nossa existência o nosso pensar ou o nosso ter?
Jacqueline Girotto
9 de setembro de 2008 às 14:50
Oportuna a observação da leitora Jacqueline Girotto: “O que fundamenta a nossa existência o nosso pensar ou o nosso ter?” Será que não somos influenciados a pensar que o ter é mais importante e fundamental do que ser indivíduos pensantes, cidadãos e conscientes.
O Autor - Márcio
26 de janeiro de 2009 às 10:23
Caro Márcio Alexandre,
A cargo do "destino" o Lula é presidente do Brasil e o Barack Obama é presidente dos EUA. No Brasil 90% dos eleitores, lamentavelmente, são ignorantes e famintos. Por isso o Lula teve sucesso; nos EUA não é muito diferente, o eleitorado é negro...
É evidente que ninguém é "o salvador da pátria". O Barack Obama vai fazer a parte dele; todos nós temos de fazer a nossa parte para que tenhamos um mundo mais fraterno, mais justo...
Um abraço,
Fraterno Maria Nunes
(26.01.2009)
P.S. Você recebeu o meu livro...
20 de novembro de 2009 às 19:56
Bonjour, professordefilo.blogspot.com!
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26 de novembro de 2009 às 14:52
muito bom,nos faz refletir e analisar o que é viver numa sociedade totalmente tecnica,uma sociedade totalmente relativista,onde tudo é relativo e tudo gira em torno de tecnicas,não paramos para analisar,que o homem não tem mais identidade propria,porque sua identidade está relacionada a valores,que a cultura e a sociedade em que está imersa,determina sobre ele,mas essa mesma sociedade que tira a identidade do homem lhe dá uma falsa identidade,será que esses que perderam sua identidade propria existem? na logica sim,no realismo metafisico sim,porque existir no realismo metafisico primitivo é estar ai,mas existem,mas não tem identidades,sua identidade foi outorgadas pelo governo pelo estado,e triste ver que pessoas que não tem um RG não existem para o estado,mas o RG e a porta que lhe dá o direito de existir para o estado,mas esse mesmo estado ou essa mesma sociedade lhe rouba sua propria identidade..existir é ter identidade,ou ter identidade é existir?
26 de novembro de 2009 às 14:52
muito bom,nos faz refletir e analisar o que é viver numa sociedade totalmente tecnica,uma sociedade totalmente relativista,onde tudo é relativo e tudo gira em torno de tecnicas,não paramos para analisar,que o homem não tem mais identidade propria,porque sua identidade está relacionada a valores,que a cultura e a sociedade em que está imersa,determina sobre ele,mas essa mesma sociedade que tira a identidade do homem lhe dá uma falsa identidade,será que esses que perderam sua identidade propria existem? na logica sim,no realismo metafisico sim,porque existir no realismo metafisico primitivo é estar ai,mas existem,mas não tem identidades,sua identidade foi outorgadas pelo governo pelo estado,e triste ver que pessoas que não tem um RG não existem para o estado,mas o RG e a porta que lhe dá o direito de existir para o estado,mas esse mesmo estado ou essa mesma sociedade lhe rouba sua propria identidade..existir é ter identidade,ou ter identidade é existir?