O Filho De Quem?*

* Por Márcio Alexandre da Silva


Com muita expectativa fui assistir ao filme, “Lula: o filho do Brasil”. Dirigido por Fábio Barreto. Baseado no livro como o mesmo título de autoria de Denise Paraná. Gloria Pires (vive dona Lindu, mãe de Lula), Rui Ricardo Dias (Lula), Juliana Baroni (Marisa Letícia), Milhem Cortaz (Aristides o pai), Lucélia Santos (Professora), esses e outros artistas fazem parte do elenco.

Em 1945 Luis Inácio da Silva nasce no sertão pernambucano. Em 1952, sua mãe Lindu cansada da miséria em que viviam, vende o que tem e, com os filhos, viaja 13 dias num pau-de-arara até chegarem à cidade litorânea de Santos/SP. Ela volta a morar com Aristides. A mãe de Lula não suportava mais o alcoolismo do marido (Aristides) e suas crescentes agressões, decide partir com as crianças para a capital do estado – São Paulo.

Em 1963 Lula conclui o curso técnico pelo SENAI, mostrado como um marco em sua vida no filme. Nesse período, Luis Inácio conhece Lurdes sua primeira esposa. Torna-se metalúrgico exercendo a função de torneiro-mecânico no ABC paulista. Lurdes e o filho morreram na tentativa do parto da criança. Lula conhece Marisa Letícia no qual se casa e tem quatro filhos, atual esposa dele. Nessa época Lula intensifica sua militância sindicalista e se despontam como carismático líder – segundo relata o longa.

O filme é mediano, midiático e messiânico. Luis Inácio Lula da Silva só faltou morrer aos 33 anos, pregado numa cruz, e ressuscitar após três dias. Como isso não é possível aos mortais, ele se tornou presidente da república!

Lula no filme assume o pseudo papel de “santo salvador”. Isso se reflete na realidade, prova dessa “santidade/popular” é que fontes do Ibope demonstravam que Lula tem a aprovação de 92% dos entrevistados da região do nordeste. Nem padre Cícero que tem atributo de santo naqueles estados tem tanta credibilidade.

A cinematografia não foge a regra dos níveis de produção brasileira. As dramaturgias brasileiras ainda não fugiram do padrão novelístico global. Infelizmente os filmes brasileiros parecem uma novela com um capítulo de maior duração do que os capítulos das dramaturgias convencionais. Além dos filmes brasileiros serem quase todos apelativos. Vejamos a crítica do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) aos filmes brasileiros: “Os cineastas brasileiros têm preferência por mostrar a miséria brasileira”, o filme que analisamos (Lula: o filho do Brasil) não foge essa realidade de relatar a miséria do nosso país em um capítulo de uma novela com duas horas e dez minutos de duração.

O filme aborda temas sensíveis e polêmicos. Relata a repressão do regime militar contra os trabalhadores. Mas os que muitas pessoas querem ocultar e omitir é que grandes meios de comunicações, políticos e empresários que apoiaram o Golpe Militar e hoje posam como promotores da democracia e colocam a culpa do Regime apenas nos Militares.

O filme reacende a chama polêmica do lançamento do Programa Nacional dos Direitos Humanos: “Na tentativa de camuflar a derrota do ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), que estava em queda de braço com Jobim, Lula decidiu manter o decreto publicado em dezembro que institui o Programa Nacional dos Direitos Humanos. Esse decreto – na pratica revogado em parte nessa quarta, dia 13 – previa o exame de ‘violações de direitos humanos praticadas no contexto de repressão política’” (Jornal Zero Hora on-line. Artigo: Lula altera plano de direitos humanos).

Não penso que o filme tenha cunho eleitoreiro! Pois para ganhar a eleição Lula contrataria o marqueteiro de Obama e não usaria um filme fraquinho para emplacar e alavancar a/o candidato/a petista presidência ou qualquer outro cargo público.

Ressalto que a análise é estética, ou seja, estou analisando o filme sobre o Lula e não a política, conduta, vida, moral do Lula ou o PT.