Afetos e afetados

Por Márcio Alexandre da Silva

Algumas vezes por não recebermos afetos, caímos no egoísmo e cometemos o erro de guardarmos os carinhos que temos para nós mesmos e não o distribuímos. Esquecemos que quando guardamos o amor para si, ele apodrece, como quando acondicionamos maçãs em caixas de papelão.

Nós condicionamos as crianças a acumular carícias e amor e não as distribuir. É comum dizermos para as crianças. “Não deixe fulaninho brincar com seus brinquedos ele não deixa você brincar com o deles”. Somos maus acostumados a economizar carinhos e afetos. Temos a ideia errôneas de que eles acabarão por isso devemos poupá-los. Ainda assim muitas pessoas se casam querendo apenas receber amor, não dando amor, enclausurando o amor dentro de si. Não foram educados para entender que as trocas de afetos enriquecem as pessoas. Pois, desde pequenos somos educados a economizar carinho, afeto e atenção. Como no exemplo do carrinho, em que a criança é motivada a não emprestar, se não for rec eber algo em troca. Essa mentalidade esta totalmente errada.

Há pessoas que são carentes de afetos. Isso é o grande mau da modernidade, as pessoas estão cada vez se relacionando menos. Estudos feitos com crianças comprovam que algumas quando doentes, mesmo que tratadas, com medicações e médicos de qualidades, não se recuperam senão tiverem carinhos. Gestos de carinhos são terapêuticos.

Alguns erros em relações aos afetos:
Muitos pensam que a carícia tem limites por isso devemos economizá-los. Distribuir carícias pode acostumar às pessoas – muitas vezes não pegamos a criança no colo com o argumento de não acostumá-la má e “intoxicamos” de leite enquanto ela chora. Nunca receba carícias gratuitamente a única forma de recebê-la é em forma de troca. Você não deve se auto-elogiar, os outros sabem do seu mérito. Homem não pode ser cuidado por mulher, afinal somos “mais fortes”. Homem não pode ser cuidado por outro homem, senão seremos afeminados ou fracos. Quanto menos depender dos outros melhor. Talvez esse último seja o pior de todos os erros: sexo é a única forma de trocas de carícias, afetos e prova de amor.

Os aspectos positivos dos afetos são: as coisas que nos causam bem estar e prazer benéfico, realização, reconhecimento, acolhida, elogios, gestos de afetos, convites, abraços, beijos, olho-no-olho, telefonemas...

Os aspectos negativos dos afetos são: agressões, seja físicas e verbais, depreciação, desafetos, indiferenças, bajulações, falsos elogios.

Os frutos das carícias negativas. Por exemplo, a pessoa faz um trabalho errado, recebe falsos elogios. Alguém fez algo errado com caridade corriga a pessoa para que ela possa mudar.

As vantagens do amor próprio excessivo é que sempre devemos rezar a seguinte oração: “Ó Senhor, fazei que eu ame o próximo como a mim mesmo, mas, antes, Senhor ensina-me a amar a mim mesmo”. Pois, o amor próprio faz as pessoas terem vontades de praticarem esportes, aprender filosofia, cultivar artes e outras coisas boas da vida. Quem se ama equilibradamente, começa a ser amado pelo próximo, e passa a amar o próximo como a si mesmo.

O ser humano ainda perece por falta de amor.

Comece hoje o desafio da terapia do abraço. Inicie abraçando pelo menos três pessoas por dia. Com o passar do tempo aumente esse número. E sem que menos você espere estará trocando afetos com varias pessoas.

Experimente o poder terapêutico de um abraço!

Segundo turno. Chegou o momento

Por Márcio Alexandre da Silva

Dia 31 vamos escolher o ou a presidente que governará o nosso país no próximo quadriênio (2011 – 2014).

Infelizmente alguns assuntos, a meu ver, não foram postos em pauta ou não foram aprofundados a contenta, ajam vista suas relevantes importâncias. Alguns deles são:

O Projeto de Lei Complementar 549/2010 que propõe o congelamento dos salários dos servidores públicos por 10 anos e impedimentos de novos concursos públicos. Essa medida seria tomada com o argumento de “enxugar” a máquina administrativa. Se nada foi explicitado, tudo me leva crer que ambos os postulantes a presidência tem concordância com o atalho a essa propositura legislativa.

Ninguém propôs, ao menos não ouvi ou li, o veto do fator previdenciário (9 .876/1999), nem mesmo discutir sobre esse assunto que é fruto da reforma previdenciária aprovada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e mantida por Lula. Lembramos que o fator previdenciário é uma regra, que reduz em alguns casos o valor da aposentadoria de quem deixa de trabalhar antes da idade mínima e já contribuiu pelo tempo máximo determinado. Destacamos que o fim do fator previdenciário já foi aprovado pelo Senado e Câmara Federal, cabendo ao futuro presidenciável sancioná-lo ou não? Como nenhum dos dois candidatos se manifestou, contra ou a favor, perdemos a chance de discutir algo sério, ao invés de saber quem tem mais fé.

A Proposta de Emenda a Constituição (PEC 231/95) que sugere a redução de jornada trabalhista de 44 para 40 horas semanais e aumento do adicional da hora extra de 50% para 75% do valor da hora trabalhada também não foi discutida.

Não discutiram sobre a discrimanalização ou não dos trangênicos? Com os debates políticos não ficamos sabendo, quais e quantas pesquisas estão sendo feitas para aferir o impacto ambiental, social e de saúde com a plantação, comercialização e industrialização de produtos alimentícios e similares geneticamente modificados?
Pouco se falou sobre a continuidade da transposição do Rio São Francisco.

Quando falamos são Francisco, temos que falar baixinho, pois senão os políticos começarão a rezar achando que estamos falando do Santo Católico e não do rio. Por que rezar, dar um ar de santidade e humildade é mais relevante do que discutir as possíveis consequências de transpor o “Velho Chico” nesse pleito de 2010.

Pouco se falou de reforma agrária e as mortes nos campos.

Nada sobre a titulação definitiva dos territórios quilombolas, onde os herdeiros dos escravos teriam posse definitiva das terras.

Embora não tenha tocado nesses assuntos que considero importante. Mesmo assim aconselho que todos os eleitores escolham um/a candidato/a que você mais se identifica e vote. Assim como já escolhi. Proponho que não vote em branco, nem anule ou abstenha. Quando procede desse modo esta delegando as outras pessoas o seu poder de decisão. Essa última frase é chavão, mais também é verdade.

Por se aproximar do feriado de finados estima-se que haverá um número considerável de abstenção. Mas, quem perder com essas ausências, não são nem o partido A ou B, quem perde é o processo democrático. Portanto, se você esta pensando em viajar, sugiro que vote no domingo pela manhã e viaje a partir de então com a consciência tranquila e o dever cidadão exercido.

Para concluir essa breve reflexão desejo a todo BOM VOTO! Infelizmente, pesquisa feita pelo datafolha constatou que 28% dos eleitores não lembram o nome dos dois senadores que votaram no último dia 03 (1º turno), a menos de um mês. Portanto, quando você terminar de votar amanhã, simbolicamente aparecerá à palavra FIM. Isso significa o término dessa etapa, pois, a responsabilidade do seu voto terminará no final do mandato em 2014, seu político ganhando ou não.

Ótima eleição a todos!

VOTAR: UM ATO DE CORAGEM!

Por Márcio Alexandre da Silva
A passagem bíblica que me instiga é: “Coragem! Eu venci o mundo”, disse Jesus motivando os seus discípulos.

Domingo (03) FOI o dia das eleições, também o dia da coragem...

Coragem de não votar em candidatos que tem medo de expor suas ideias aos eleitores e diante de outros candidatos. Como nos defenderá futuramente? Se não consegue defender seus ideais e projetos.

Coragem de não votar em candidatos que tenham diversos assessores, sobretudo os de campanha política: tem assessor do assessor que tem um assessor para assessorar o outro assessor. Onde ele colocará esses assessores se eleito? Já pensou nisso?

Coragem de não votar em pessoas que coaja ou induza seu voto. O seu voto é um dever moral, sagrado e inviolável. Além do que, se algum político induzi-lo a votar nele, por ameaça, seja qual for, denuncie-o ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou Tribunal Regional Eleitoral (TRE–SP). Se comprovada à coação ele terá sua candidatura cassada. Caso eleito não será diplomado. Se diplomado será cassado os direitos políticos e não poderá exercer o mandato.

Coragem de não votar em candidato que queira comprar o seu voto: o voto não tem preço; tem consequência. Portanto, denuncie! Comprar voto é crime: doar cesta básica ou qualquer outro beneficio ou mercadorias em trocas de votos são crimes eleitorais graves, tanto do político quanto do eleitor. Hoje ele compra seu voto. No futuro se eleito, imagina o que fará para se manter no poder?

Coragem de não votar em pessoas que ameaçam dizendo saber quantos votos tem na sua família. Onde você vota. Em quem você votará... Isso é balela. Conversa fiada. Político sério e integro não discursa desse modo. Não tenha medo dessas inverdades. Ninguém, eu disse ninguém, pode saber em quem você ou sua família votou. Se alguém souber é crime que deve ser denunciado.

Veja o que diz a propaganda da Justiça Eleitoral veiculada pelos meios de comunicações:

O Brasil tem o sistema de votação mais moderno do mundo. Poucas horas após o final do horário de votação os eleitos já são conhecidos. Mas, além de ser moderno e rápido, ele também é secreto e seguro. Ou seja, não há fraude, nem há como alguém descobrir em que você votou. Essa é a prova de que você pode votar tranquilo com a certeza de que o seu voto vai ajudar as definir o futuro de quem já mora na sua cidade ou de quem, um dia, vai morar” (Campanha Oficial da Justiça Eleitoral).

Portanto, não existe mais voto de cabresto. Seu voto é sigiloso e livre!
Tenha coragem de não votar em pessoas desse nível. Pois, se ele faz isso enquanto não tem o poder político: imagine quanto tiver?

Lembrando essas orientações são gerais a todos os cargos eletivos em disputa: deputados, senadores, governadores e presidente.

Se votar é um ato de coragem seja corajoso: VOTE!

Uso diário da racionalidade

Por: Márcio Alexandre da Silva

Usamos a razão cotidianamente e nem percebemos.

Certa vez fui testemunha de um acidente de trânsito. O automóvel cruzou a preferencial da motocicleta. A polícia e o regaste chegaram ao local. A reação das testemunhas e populares foi unânime no argumento: “O motorista do carro não teve razão, pois, cruzou preferencial e a frente da motocicleta”.

Os observadores e testemunhas usaram o conceito de “razão”. No entanto enfatizamos que essa razão argumentada pelos moradores, não pode ser confundida com a “racionalidade filosófica”.

Obviamente que os indivíduos usando elementos do senso comum-filosófico, na tentativa de acenar que o motorista do automóvel agiu irracionalmente, ou seja, sem pensar. Isso é um exemplo de como temos uma visão genérica da racionalidade.

Outro fato nos ajuda a aplicarmos razão no nosso dia-a-dia. No início do século XXI, o Brasil passou por uma crise, que a mídia denominou “apagão elétrico”, essa se agravou pelos anos de 2001 e 2002. Qual foi o comportamento naquela ocasião? Tanto governo, quanto imprensas recomendaram o “racionamento” de energia. O que isso significa efetivamente? Implica que as pessoas deveriam usar adequadamente e comedidamente a eletricidade. Racionalidade nesse caso é o mesmo do que saber usar com inteligência.

O mundo passa por uma crise ambiental global. Ouvimos frequentemente orientações para usarmos racionalmente a água. Sob forte e importante argumento: que esse bem natural findará mais rapidamente se não soubermos utilizá-lo.

Quem lê, vê ou ouve noticiários, sobretudo os esportivos, se recorda [Recordar é usar um dos atributos da racionalidade.] do polêmico jogador de futebol Edmundo. Devido o seu comportamento temperamental, briguento e agressivo, não sem motivo o atleta foi apelidado pela impressa esportiva de “animal”. O que esse apelido impactante e do senso comum quer afirmar? Em outras palavras e de outros modos: que ele era irracional, ou tinha comportamento como tal. Não raciocinava antes de agir, ou seja, não pensava muito nos seus atos e atitudes. Embora o homem seja um animal, racional, até que se prove o contrário.

Você já brigou ou discutiu com alguém? Mesmo que seja de forma verbal. Quase todas as nossas brigas são atitudes impensadas. E o que acontece quando você reflete e concluí: “Fulano estava com a razão! Equivoquei-me”. Admitir que se precipitou e que sicrano estava correto [com a razão] isso é o mesmo que dizer que você agiu inreflexivamente.

Provavelmente você conhece uma criança, seja seu irmão, primo ou conhecido que esteja na fase que os psicólogos chamam de porquês? Esse é o início da descoberta do mundo a sua volta e da sua capacidade intelectiva e racional. Portanto, não freie esses instintos de questionamento ao contrário perceba como as crianças descobrem o universo a sua volta através da importante arma da racionalidade e suas perguntas.

Hurssel diz que os gregos começaram a aventura da razão e nós temos a incumbência de aperfeiçoar ainda mais as aventuras racionais da humanidade.

Nessas eleições use a sua racionalidade [capacidade pensante] para votar em políticos que faça opção pela vida, tenha valores morais e éticos.

Filosofia da Libertação

Por Márcio Alexandre da Silva

Algumas argumentações são válidas para justificar uma filosofia Latino-Americana.
Imaginamos um filósofo ou uma filosofia elaborada em outro período. Será que essa teoria pode ser aplicada na nossa realidade?

Podemos questionar: de onde surgiram os grandes filósofos? Os principais filósofos estudados são: gregos, italianos, franceses, alemães e norte-americanos.

É contra essa hegemonia do pensar e desse eixo de pensamento, que justifica o surgimento da Filosofia da Libertação – um pensamento a partir da nossa realidade.

Os filósofos da Libertação não admitem, que por conta da forte carga contextual, histórico e política sofrida pela maioria dos países da América Latina, onde sempre fomos oprimidos, que nós latino-americanos não devemos reproduzir o nosso próprio modo de pensar. Já somos submissos economicamente, culturalmente, tecnologicamente... ainda querem nos impor nosso modo e jeito de pensar. Precisamos ter autonomia filosófica.

Por isso, é que se fez necessário o surgimento de uma filosofia próxima e ligada ao contexto histórico e real do nosso emergente continente. E que outra filosofia deveria surgir em terra tão explorara e escravizada pelos grandes países desenvolvidos, senão a Filosofia da Libertação?

Libertar o povo da opressão, do medo e da incerteza e da própria dependência dos desenvolvidos.

Os europeus invadiram o nosso continente, e não descobriram como muito dizem – ou querem afirmar. Então se fomos escravizados e explorados por homens, devemos ser libertos por homem – esse é o eco da Filosofia da Libertação. Ou seja, somente o ser humano explorado, e consciente dessa alienação poderá mudar o contexto e libertar definitivamente a América explorada.

Se retomarmos toda a história de colonização da América, veremos á exploração em todas as esferas. Fomos e somos roubados. Desculpem explorados, tanto humanamente, quanto biologicamente – cadê nossas riquezas naturais e minerais. Além de tudo somos mão de obra barata.

Por curiosidade fui numa entidade de curso superior de Filosofia, não revelarei o nome por questão ética. Nessa instituição indaguei: por que a Filosofia da Libertação não entrava na grade como Filosofia da América ou Filosofia Continental? O diretor do curso contra argumentou dizendo: depois da Filosofia Metafísica do sujeito moderno não se fez mais filosofia.

É como se a história da filosofia houvesse estagnado nesse período. Isso é passível de muito debate.

O nosso povo conhece como ninguém o que é passar fome, ser humilhado e desprovido de dignidade.

Penso que é necessário uma corrente filosófica que realmente contemple os problemas da nossa realidade.

A Filosofia da Libertação não é uma forma mágica, mas um bom ponto de partida.

Ser ético na política: é também saber votar!


Por Márcio Alexandre da Silva
Ética deriva do termo grego ethos: bons costumes que regem ou deveria reger a conduta humana.
Devemos cobrar ética na política. Sem duvida, mas, também temos que ensinar ética as nossas crianças: para que elas apreendam a respeitar e valoriza os colegas da escola; devolver o que emprestou; agradecer; pedir: por favor, com licença e obrigado.
A ética regulamenta as relações humanas e sociais. Na Idade Média os valores éticos predominantes eram os religiosos. Que seguia sempre a dualidade: bem e mal.
Após a revolução iluminista. A fundamentação ética saiu do Teocentrismo, Deus no centro, passando para o antropocentrismo, homem no centro. 
As consequências da mudança desse eixo ético são:
Nesse novo eixo temático ético, a razão, passa ser o guia pessoal: agir eticamente  é seguir a sua consciência. Por isso nessas eleições devemos votar consciente se assim o fizermos estaremos sendo éticos.
Assim Kant define a ética.
“Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”.
Aristóteles define: o ser humano, sendo um animal político.
“É evidente que a cidade faz parte das coisas naturais, e que o homem é por natureza um animal político. E aquele que por natureza, e não simplesmente por acidente, se encontra fora da cidade ou é um ser degradado ou um ser acima dos homens, segundo Homero (Ilíada, IX, 63) denuncia, tratando-se e alguém: sem linhagem, sem lei, sem lar.” (Política Aristóteles).
Política é a busca do bem comum.
Na história política do Brasil a partir do descobrimento começamos a viver numa monarquia.
Em 1989 foi proclamada a República; De 1899 a 1930 a primeira etapa da república; em 1930 Vargas implantou a Ditadura; 1964 foi dado o Golpe Militar, regime de recessão e opressão; Em 1985 Sarney foi eleito de forma indireta. Em 1989 Collor foi eleito de forma direta. Com o propósito de acabar com os marajás ficou no poder até 1992; Assume como presidente Itamar Franco, ele nomeia Fernando Henrique Cardoso FHC para seu Ministério; 1994 FHC é eleito presidente e reeleito em 1998; 2002 Lula, operário, sindicalista, semi-analfabeto foi eleito para ocupar o cargo maior da nação.
Fiz esse breve histórico para reafirmar que embora a postura ética não esteja na conduta de alguns políticos, não devemos nunca deixar de vota.
Jamais venda seu voto!
Não anule!
Nem vote em branco!
Foram longo e penosos anos. Muitas vidas foram ceifadas, para que hoje, eu e você pudéssemos escolher os nossos governantes. Não desperdiçamos a luta dos justos que nos antecederam.
VOTE! Obviamente de forma racional, clara e consciente.
Participe do debate no blog: deixe o seu comentário!

Gilles Deleuze e a Educação

Por Márcio Alexandre da Silva

Gilles Deleuze nasceu em Paris em 1925. Alguns o consideram o mais importante filósofo do século XX.

Ele lecionou para universitários, mas a maior parte de sua vida acadêmica foi marcada pelas aulas dadas no ensino médio. Ele dizia que preparava as aulas da faculdade com o mesmo afinco e dedicação com que preparava as aulas para os alunos do ensino médio.

No texto Abecedário de Gilles Deleuze encontramos a afirmação de que o bom professor/pensador é aquele que elabora, cria novos conceitos filosóficos ou não. O próprio Deleuze cria um conceito novo que o intitula de “inspiração” na educação.
Segundo o francês, o bom professor para dar uma boa aula, deve estar demasiadamente inspirado e entusiasmado para tão grandioso oficio.

E quando o professor esta inspirado e o aluno nem tanto? O que fazer? Essa situação é comum nas salas de aulas brasileiras não podemos desprezá-las. No entanto se nós não estivermos extremamente preparados o interesse tornará ainda menor. Na educação às vezes nos falta otimismo. Se hoje fiz uma atividade bem preparada que envolveu cinco alunos de uma classe de quarenta, é pouco? Mas, amanhã se eu vier preparado posso conquistar mais um. Noutro dia dois, depois três ou até mais. E com o passar do tempo incluiremos o máximo de aluno possível nas nossas atividades.

E como alcançar esse ponto máximo que ele intitula inspiração? Como algo quase extra-humano – mas possível.

Obviamente que para Deleuze inspirar não é necessariamente sentar e esperar a inspiração como os poetas ou os compositores. Essa iluminação poética pode ajudar. No entanto, somada a longas e boas horas de preparação. A inspiração nada mais é do que o fruto da preparação. É sentar preparar, ler, reler, refletir, meditar, levantar hipótese, apresentar soluções. Enfim estar preparado para dialogar com seus alunos. Aqui entra outra problemática considerável. Como conseguir dialogar em uma sala com uma predominância de adolescente que falam de tudo, menos dos assuntos referentes às disciplinas? Deleuze via a preparação da aula como um ensaio – um laboratório. E para que a peça (aula), não houvesse contratempo, teria que haver muito ensaio, ou seja, profunda e fecunda preparação.

Tudo esta preparado para a grande peça, a apresentação final, ou seja, a aula. Normalmente quando a peça não é boa ouve-se barulho, gente conversando, andando e atrapalhando o desenvolvimento da apresentação. No entanto quando o espetáculo é bom, à maioria se concentra e presta atenção. Também não tomemos esse exemplo (peça) insinuando que o público (aluno) não deva participar do roteiro central. Ao contrário o “público/aluno” nessa apresentação é totalmente interativo, real, presente e que cobrará de você professor o melhor desempenho e atuação. Talvez essa seja uma formar de interagir e dialogar com os alunos que falam uma linguagem diferente da nossa. Não é colocar a culpa do baixo desempenho dos alunos nos professores. E sim fazer dos alunos atores do seu próprio conhecimento com a direção do grande mestre: o professor.

Outra tendência comum dos professores sobre a inspiração é o de pensar que com o passar dos anos como professores devemos nos preparar menos. Que produziremos da mesma forma. Esse é um engano educacional.

Alguns podem dizer que isso é utopia! Talvez seja. Confesso que não é fácil. No entanto penso assim por acreditar na educação. Como muitos professores acreditam!

Plano de Carreira

Por Márcio Alexandre

Ele começou sua carreira política como vereador na sua cidade natal (Cachoeira Paulista/SP). Foi secretário da educação do Estado de São Paulo de 2003 a 2007, no governo de Geraldo Alckmin (2001 – 2006). Foi o vereador mais votado no município de São Paulo em 2008 com 102. 048 votos. Fez carreira política pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), mesmo partido do atual governador José Serra. Filou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), segundo fontes para pleitear uma vaga na no Congresso Nacional: “Chalita admite candidatura ao Senado e detona Serra” (Jornal de Bauru – SP, 27/10/2009), afastou-se do PSDB alegando que o partido não dava espaço para ele se expressar.

A seguir leremos trechos do discurso feito pelo vereador Gabriel Benedito Isaac Chalita (PSB) na plenária da Câmara Municipal de São Paulo. Ele tece sérias e contundentes críticas ao projeto aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e sancionado pelo governador José Serra [virtual candidato do PSDB ao Planalto], que dispõe sobre aplicação de provas para ascensão salarial na carreira do magistério paulista. A prova será realizada no próximo dia 02.

Leiam o que disse o escritor, a apresentador, filósofo e político: “Eu tenho sido muito cobrado dos professores de São Paulo. Com relação a minha opinião desse projeto enviado pelo governador José Serra e aprovado pela Assembleia Legislativa, que em tese da reajustes aos professores da rede estadual do estado. Eu desde o início que se colocou esse projeto, eu imaginava que Assembleia fosse discutir um pouco mais esse projeto.” O projeto foi aprovado no fim do experiente na Assembleia [na calada da noite], continua: “Eu acho que, quando ele foi colado para opinião pública, ele já foi colocado com grande equívoco, por que dava uma demonstração de que os professores da rede estadual iriam ganha nove mil reais, oito mil reais, sete mil reais. E as pessoas não entenderam que, esse ganhar sete mil reais, oito mil reais ou nove mil reais, demoraria doze anos para que isso pudesse acontecer!” a propositura é uma mentira política e eleitoreira.

Prossegue Chalita em tom de indignação: “O projeto ele é tão cruel com os professores, tão cruel. O que é necessário para que um professor consiga ganhar um pouco mais segundo o projeto? Ele tem que fazer uma provinha. Uma prova para os professores. E a cada prova que esses professores fizerem, 25 % dos melhores professores, poderão ganhar um aumento salarial se houver recursos.” O professor decreta sua ira: “Vejam! Primeiro a prova já é uma excrescência. É uma discriminação contra os professores. Por que médicos do estado não tem que fazer uma prova todo ano então? Por que os engenheiros não tem que fazer uma prova?” A indagação a seguir já em outros artigos, publicados nesse meio de comunicação, pergunta Chalita “Por que os políticos não tem que fazer uma prova? Por que só o professor, pra ter aumento salarial tem que fazer prova? Na verdade é uma sinalização para a sociedade e para os professores de que os professores são os culpados, por problemas eventuais que existem na educação. Professor é vítima não é culpado.” Continua: “É uma forma cruel de tratar os professores. É uma forma desrespeitosa de tratar os professores.” Orienta: “A gente tem que tratar melhor os professores. Respeitar mais as pessoas que se sacrificam para levar adiante, esse sonho tão essencial, que é o sonho de uma educação de qualidade. Eu acho que mostra uma imensa insensibilidade do governador José Serra” detona o legislador.

O governo faz tudo inverso do que orienta os melhores educadores do mundo, como disse Gabriel: “Decorar elementos que cai numa prova, não significa ser o melhor professor.” O ex-secretario alfineta: “Eu acho que é preciso a gente colocar a educação acima de questões partidárias, acima de perseguições mesquinhas, acima de olhares incompetentes, e valorizar quem de fato esta na sala de aula”, lembrando que ele esteve no partido por quase vinte anos, conhece os artifícios internos de perseguições partidárias.

Brada o orador: “Por que cada um desses chamados gestores políticos, né, quando eles precisam colocar a culpa em alguém eles colocam a culpa no mais fraco. E mais uma vez, colocaram a culpa nos professores! É lamentável imaginar, que os professores de São Paulo serão submetidos a essa humilhação, de uma provinha o tempo todo, como os únicos profissionais que vão ter que fazer provinha, para ter um aumento salarial. Repito, por que outros profissionais não tem que fazer provinha? Por que o governador não faz provinha? [...] Por que os secretários dele não fazem provinhas? (grifo nosso). Por que só os professores? Por que eles são a parte mais fraca do processo? Eles são as vítimas desse processo de perseguição?” conclui o político.

Duas reflexões:
Primeira: professores da rede pública devem ser avaliados para que possam ter aumento salarial?

Segunda: professores da rede pública não devem ser avaliados para que tenha aumento salarial?

O Filho De Quem?*

* Por Márcio Alexandre da Silva


Com muita expectativa fui assistir ao filme, “Lula: o filho do Brasil”. Dirigido por Fábio Barreto. Baseado no livro como o mesmo título de autoria de Denise Paraná. Gloria Pires (vive dona Lindu, mãe de Lula), Rui Ricardo Dias (Lula), Juliana Baroni (Marisa Letícia), Milhem Cortaz (Aristides o pai), Lucélia Santos (Professora), esses e outros artistas fazem parte do elenco.

Em 1945 Luis Inácio da Silva nasce no sertão pernambucano. Em 1952, sua mãe Lindu cansada da miséria em que viviam, vende o que tem e, com os filhos, viaja 13 dias num pau-de-arara até chegarem à cidade litorânea de Santos/SP. Ela volta a morar com Aristides. A mãe de Lula não suportava mais o alcoolismo do marido (Aristides) e suas crescentes agressões, decide partir com as crianças para a capital do estado – São Paulo.

Em 1963 Lula conclui o curso técnico pelo SENAI, mostrado como um marco em sua vida no filme. Nesse período, Luis Inácio conhece Lurdes sua primeira esposa. Torna-se metalúrgico exercendo a função de torneiro-mecânico no ABC paulista. Lurdes e o filho morreram na tentativa do parto da criança. Lula conhece Marisa Letícia no qual se casa e tem quatro filhos, atual esposa dele. Nessa época Lula intensifica sua militância sindicalista e se despontam como carismático líder – segundo relata o longa.

O filme é mediano, midiático e messiânico. Luis Inácio Lula da Silva só faltou morrer aos 33 anos, pregado numa cruz, e ressuscitar após três dias. Como isso não é possível aos mortais, ele se tornou presidente da república!

Lula no filme assume o pseudo papel de “santo salvador”. Isso se reflete na realidade, prova dessa “santidade/popular” é que fontes do Ibope demonstravam que Lula tem a aprovação de 92% dos entrevistados da região do nordeste. Nem padre Cícero que tem atributo de santo naqueles estados tem tanta credibilidade.

A cinematografia não foge a regra dos níveis de produção brasileira. As dramaturgias brasileiras ainda não fugiram do padrão novelístico global. Infelizmente os filmes brasileiros parecem uma novela com um capítulo de maior duração do que os capítulos das dramaturgias convencionais. Além dos filmes brasileiros serem quase todos apelativos. Vejamos a crítica do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) aos filmes brasileiros: “Os cineastas brasileiros têm preferência por mostrar a miséria brasileira”, o filme que analisamos (Lula: o filho do Brasil) não foge essa realidade de relatar a miséria do nosso país em um capítulo de uma novela com duas horas e dez minutos de duração.

O filme aborda temas sensíveis e polêmicos. Relata a repressão do regime militar contra os trabalhadores. Mas os que muitas pessoas querem ocultar e omitir é que grandes meios de comunicações, políticos e empresários que apoiaram o Golpe Militar e hoje posam como promotores da democracia e colocam a culpa do Regime apenas nos Militares.

O filme reacende a chama polêmica do lançamento do Programa Nacional dos Direitos Humanos: “Na tentativa de camuflar a derrota do ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), que estava em queda de braço com Jobim, Lula decidiu manter o decreto publicado em dezembro que institui o Programa Nacional dos Direitos Humanos. Esse decreto – na pratica revogado em parte nessa quarta, dia 13 – previa o exame de ‘violações de direitos humanos praticadas no contexto de repressão política’” (Jornal Zero Hora on-line. Artigo: Lula altera plano de direitos humanos).

Não penso que o filme tenha cunho eleitoreiro! Pois para ganhar a eleição Lula contrataria o marqueteiro de Obama e não usaria um filme fraquinho para emplacar e alavancar a/o candidato/a petista presidência ou qualquer outro cargo público.

Ressalto que a análise é estética, ou seja, estou analisando o filme sobre o Lula e não a política, conduta, vida, moral do Lula ou o PT.