FILOSOFIA E MATEMÁTICA - Pitágoras e os pitagóricos

Três grandes amigos se encontraram, num congresso de uma Universidade Federal. Após longo tempo sem se verem, a curiosidade era grande em saber o que o outro fazia da vida, que quase todos juntos perguntaram: Qual a profissão de vocês? Nesse instante todos se abraçam, posteriores a esse reencontro começam a contar o que faziam da vida.

O primeiro disse: - Sempre pensava na afirmação do professor de filosofia dizendo que Pitágoras defendia que o princípio e a harmonia de todas as coisas são os números, por isso tornei-me matemático, e sou muito feliz.

O segundo relembra como esse educador filósofo o sensibilizou, pois ele sempre afirmava que o pensador grego (Pitágoras) dizia que os sons e a música são formas de purificação e catarse, por esse motivo tornei-me músico profissional, e estou realizado.

O terceiro afirmou lembrar dos ensinamentos de filosofia, que demonstrava os números como abstração mental (racional e racionalidade), e que os números na época de Pitágoras era algo existente na realidade e além dela, por esse motivo tornei-me filósofo, encontrei a maior felicidade, a arte de pensar.

O filósofo exclama ao matemático: embora seja profundo conhecedor da filosofia, sei que ela esta intimamente ligada a matemática e aos números, mas ainda não entendi qual o significado dos números paras Pitágoras e os pitagóricos?

Boa pergunta murmura o matemático. DOIS ELEMENTOS formam os números, a saber, o Primeiro, são indeterminado e ilimitado, ou seja, os números pares, portanto menos perfeito para esses pensadores citados anteriormente. O Segundo, determinante ou limitante sendo esses os números ímpares, tornado-os por isso perfeitos.

O amigo músico pergunta: - Como assim, explique melhor essa questão?
Como estavam num congresso o professor de matemática entra numa sala de aula e utilizando a lousa, faz o seguinte desenho:



E explica o matemático: - Os números pares (2 e 4 na ilustração acima) deixam um vácuo, onde as flechas passam pelo meio, sendo assim menos perfeitos, pois não contém nada, embora sejam ilimitados, não possuem obstáculos ou fim. Já os números ímpares (3 e 7 na mesma ilustração), apresentam-se uma unidade a mais, as flechas não passam por ele, sendo-os delimitado, por isso são mais perfeitos, pois conseguem conter algo.

Para encerrar esse assunto, após essa bela explicação disse o filósofo, lembro que isso é fruto do pensamento de Pitágoras e os pitagóricos.

Essa é uma breve história literária, usada para explicar a doutrina do número de Pitágoras e do pitagóricos.

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo)

OLIMPÍADA E FILOSOFIA

Embora o investimento no esporte no Brasil não seja bom, ainda assim, isso não justifica a pífia participação do Brasil nas Olimpíadas de Pequim 2008.

O pensador grego Pitágoras de Samos, que viveu num período nascente da Olimpíada, classifica três figuras importantes para definir o papel do filósofo fazendo um paralelo com os Jogos Olímpicos. No início das Olimpíadas, existem os personagens emblemáticos dos comerciantes, atletas, e o que vai aos Jogos Olímpicos apenas para observar.

Os comerciantes: no período primórdios das atividades olímpicas os vendedores iam aos eventos esportivos, unicamente com intuito de vender seus produtos, eles nem se importavam com as competições, pensavam apenas em lucrar.


Os atletas: que na época grega eram aqueles que competiam para tornar-se virtuosos, pois ter corpo atlético era sinal de virtude para aquela época. Os competidores procuravam competir apenas pela honra de se consagrar campeão.

Os observadores: estes eram poucos, mas segundo Pitágoras, se assemelham aos filósofos. Não se deixavam mover por interesses pessoais como os comerciantes, não se deixavam levar pela vontade de competir para obter a glória. Mas o bom filósofo no sentido grego é aquele que olha o contexto, contempla (eleva os pensamentos ao mais alto nível intelectual), tem critério no julgamento. Esses observadores filósofos iam às Olimpíadas apenas para contemplar como os atletas competiam em busca de glórias, como os vendedores só pensavam em lucrar e nosso próprio bem estar.

Ao trazermos esse pensamento para a nossa realidade notamos que poucos atletas competem por prazer e sim pela gana de serem famosos e cada vez mais ricos. Os vendedores são as pessoas que só pensam no favorecimento próprio, num consumismo desenfreado. Os filósofos de hoje são os intelectuais que pensam sobre a situação em que vivemos, refletem, propõe, mas vemos muitos filósofos (pensadores da elite) na contemporaneidade que se vendem por ideologia política dominante, sempre pensando em favorecimento.

Ser filósofo não é ter feito o curso de filosofia - isso é pouco. É refletir sobre nossa vida, o nosso ser, agir, viver, pensar. Os filósofos-pensadores de hoje devem resgatar a mais genuína definição de amante da verdade e amigo do saber, de forma imparcial e livre.

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo)

LIBERDADE! O QUE É?


O que é liberdade? Se fizéssemos essa pergunta a um detento ele teria uma resposta, a um jornalista num regime ditatorial obteríamos outra argumentação; se perguntássemos, ainda, a um filósofo, ele daria a sua definição, talvez igual à dada pelo existencialista Sartre que afirma que somos condenados a ser livres, ou outras definições. A verdade é que se diz, se lê, ouve constantemente nos meios de comunicações sociais sobre liberdade na nossa sociedade, liberdade de expressão, de ir e vir, de pensamento, imprensa e tantas outras liberdades. Mas o que é liberdade? Como ser livre? E mais, como ser livre e ético? Num mundo de tantas “facilidades”.

Primeiro vamos definir o que precisamos efetivamente para exercitar a nossa liberdade ética? Penso que, antes de procurarmos reivindicar o nosso direito de sermos livres, devemos buscar auto controle interior, primordial para exercermos a nossa liberdade. Você controla a sua vida? Se sim se considere autônomo. Se não, como pode abdicar desse controle existencial e delegar a outra (as) pessoas essa função, tão particular. Ninguém pode controlar a sua vida? Muito menos você as dos outros!

Questões temporais são fundamentais para contextualizar-se dentro de uma possibilidade de tonar-se um ente eticamente livre. Lembre que você existe no tempo e no espaço, o tempo convencionalmente foi dividido em presente, passado e futuro. Se você perder a sua autonomia (controle de si) você perderá a força para enfrentar as dificuldades que virá. Se você perder a força, não vivera com fecundidade o momento presente e, se não viver o momento do agora baseado em seus valores, estará enterrando para sempre o seu passado e dificilmente conseguira ser livre. O passado é o ontem e nada podemos fazer ou mudar, o futuro será o amanhã que não sabemos se será ensolarado e florido ou nublado e opaco. Então nos resta pensarmos no momento presente, vivê-lo intensamente com a certeza de respondermos pelos nossos atos num futuro bem próximo.

Como podemos saber se somos eticamente livres? Ser ético é escolher entre o bem e mal. Você deve sempre fazer suas próprias escolhas sabendo que arcara por elas. Toda liberdade implica escolha, e não há escolha sem responsabilidades e responsabilidades nos remetem as conseqüências éticas boas ou más. A ética não é uma massiva santificação das pessoas. Nunca pode ser vista como uma força, forjadora de decisões, inibidoras da liberdade.

A solução para os problemas do mundo esta na unidade ética, numa busca de uma ética universal. O que nos une, pode mudar a nossa vida, casa, rua, escola e mundo. Mas se quisermos dialogar sobre as nossas divergências, estaremos fechando as possibilidades de diálogos.

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo)

Simpósio Internacional

De 25/8/2008 à 29/8/2008 - 2º Simpósio Internacional em Educação e Filosofia

Com o tema “Experiência, Educação e Contemporaneidade”, o evento será realizado em Marília (SP). Destina-se à comunidade científica (profissionais, docentes e alunos de graduação e de pós-graduação) interessados na temática a ser abordada e, particularmente, em discutir as relações entre educação e filosofia.

No primeiro dia será realizado o minicurso “O problema da experiência na filosofia de Dewey e Foucault”, com Jim Garrison, da Virginia Tech, Estados Unidos. A sessão de abertura “La dignidad de un acontecimiento. Acerca de una pedagogía de la despedida” ficará a cargo de Fernando Bárcena Orbe, do Departamento de Teoria e História da Educação da Universidade Complutense de Madri, Espanha.

O simpósio é organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa Educação e Filosofia (Gepef) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A programação completa do evento, que tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Organização de Reunião Científica e/ou Tecnológica, e mais informações estão disponíveis em
www.gepef.pro.br/evento.htm

(Fonte: Agência Fapesp)

O “POR QUE” E O “PARA QUE” DA NOSSA EXISTÊNCIA

Quase sempre confundimos o POR QUE, com o PARA QUE. Na indagação são apenas perguntas. A segunda forma vai mais além: há também uma interrogação, mas ela dá respostas para ao ato de interrogar.

Explicarei melhor. Normalmente perguntamos o por que acontecem determinadas coisas. E nos esquecemos do para que? Para ilustrar tomemos um exemplo comum. Você já deve ter se perguntado o por que da filosofia? Se já fez esta indagação já esta filosofando mesmo sem querer ou saber. Mas devemos nos perguntar o para que o filosofar? Para melhor ilustrar podemos dizer que o por que: é o sentido filosófico dos nossos questionamentos. E o para que: o sentido existencial das nossas indagações.

Freqüentemente perdemos entes queridos. E sempre nessas situações inferimos a questão do por que dessas mortes? Algumas de forma tão primaria e inesperada. Quando se tem essa atitude de perguntar sobre essas perdas, a pessoa esta filosofando sobre o sentido da morte, que esta intimamente ligada com o sentido da vida.

Mas devemos ir além e, entender o para que a morte? Ela existe para que nós seres humanos, dotados de orgulho e soberbas percebamos que a vida é finita, e após essa descoberta valorizarmos nossas vidas e as dos outros, pois como disse William Shakespeare (1564 1616) “As pessoas que amamos vão embora sem se despedir de nós”.

Mas a morte por mais drástica que seja é a chave de todo o processo da existência, fruto da perenidade da natureza humana, por mais dura que seja a realidade da finitude da vida terrena.
Filosofia deriva de duas palavras gregas que significa amor ao saber. As pessoas buscam mesmo que de forma inconsciente, saber o por que da perda de nossos próximos, quando assim nos comportamos, estamos sendo amiga e amigo do saber, querendo entender a morte. E para que entender a morte? A ciência médica consegue até prolongar a vida, mas não consegue dar resposta para a humanidade sobre a morte. Neste momento entra a filosofia que tenta dar soluções ou formulações sobre o sentido das vidas, pois é compreendendo a vida que entenderemos a morte, pois quem soube viver, saberá morrer, a morte é o termômetro de como foi à vida da pessoa. Daí a resposta simples do para que a morte? Para compreendermos o sentido da nossa vida.

Não importa em que grau de questionamento você esteja (no POR QUÊ? Ou no PARA QUÊ?). O que interessa é que você reflita sobre a sua vida, seu existir e a sua finitude, boa reflexão a todos e todas.

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo)