Filosofia da Libertação

Por Márcio Alexandre da Silva

Algumas argumentações são válidas para justificar uma filosofia Latino-Americana.
Imaginamos um filósofo ou uma filosofia elaborada em outro período. Será que essa teoria pode ser aplicada na nossa realidade?

Podemos questionar: de onde surgiram os grandes filósofos? Os principais filósofos estudados são: gregos, italianos, franceses, alemães e norte-americanos.

É contra essa hegemonia do pensar e desse eixo de pensamento, que justifica o surgimento da Filosofia da Libertação – um pensamento a partir da nossa realidade.

Os filósofos da Libertação não admitem, que por conta da forte carga contextual, histórico e política sofrida pela maioria dos países da América Latina, onde sempre fomos oprimidos, que nós latino-americanos não devemos reproduzir o nosso próprio modo de pensar. Já somos submissos economicamente, culturalmente, tecnologicamente... ainda querem nos impor nosso modo e jeito de pensar. Precisamos ter autonomia filosófica.

Por isso, é que se fez necessário o surgimento de uma filosofia próxima e ligada ao contexto histórico e real do nosso emergente continente. E que outra filosofia deveria surgir em terra tão explorara e escravizada pelos grandes países desenvolvidos, senão a Filosofia da Libertação?

Libertar o povo da opressão, do medo e da incerteza e da própria dependência dos desenvolvidos.

Os europeus invadiram o nosso continente, e não descobriram como muito dizem – ou querem afirmar. Então se fomos escravizados e explorados por homens, devemos ser libertos por homem – esse é o eco da Filosofia da Libertação. Ou seja, somente o ser humano explorado, e consciente dessa alienação poderá mudar o contexto e libertar definitivamente a América explorada.

Se retomarmos toda a história de colonização da América, veremos á exploração em todas as esferas. Fomos e somos roubados. Desculpem explorados, tanto humanamente, quanto biologicamente – cadê nossas riquezas naturais e minerais. Além de tudo somos mão de obra barata.

Por curiosidade fui numa entidade de curso superior de Filosofia, não revelarei o nome por questão ética. Nessa instituição indaguei: por que a Filosofia da Libertação não entrava na grade como Filosofia da América ou Filosofia Continental? O diretor do curso contra argumentou dizendo: depois da Filosofia Metafísica do sujeito moderno não se fez mais filosofia.

É como se a história da filosofia houvesse estagnado nesse período. Isso é passível de muito debate.

O nosso povo conhece como ninguém o que é passar fome, ser humilhado e desprovido de dignidade.

Penso que é necessário uma corrente filosófica que realmente contemple os problemas da nossa realidade.

A Filosofia da Libertação não é uma forma mágica, mas um bom ponto de partida.

15 Response to "Filosofia da Libertação"

  1. Flávio Says:
    8 de setembro de 2010 às 10:14

    Gostei dessa reflexão, porém vejo pela realidade do meu Estado - Minas Gerais onde o ensino da filosofia é feito de qualquer forma, no maior descaso. Estou escrevendo isso para dizer que a filosofia aqui no Brasil não possui valor algum, por isso nunca ireimos conseguir produzir algo de valor. Qualquer coisa entra no meu blog, (www.direitodofilosofo.blogspot.com) que você vai entender por que estou falando isso.

  2. Livreiro Márcio Alexandre says:
    8 de setembro de 2010 às 11:01

    Caro amigo Flávio Victor Figueiredo obrigado pela colaboração.
    Postei um comentário no seu blog, parabéns pelo mesmo.
    Precisamos resgatar o valor da filosofia.
    Professor Flávio continuaremos defendendo a filosofia, mesmo com ventos contrários.
    Professor de Filosofia - Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto (Filosofia da Libertação)

  3. Ulisses Coelho says:
    8 de setembro de 2010 às 14:27

    e aí Marcião blz?

    Bom o texto. Entretanto cuidado com o termo "libertação", pois de uns tempos pra cá sao mais produtivas as discussões secularizadas.!

    Excelente escrito.

    Ulisses

  4. Livreiro Márcio Alexandre says:
    9 de setembro de 2010 às 10:25

    Caro amigo Ulisses.
    Ulisses além de filósofo também é um ótimo escritor.
    Obrigado pela dica e observação.
    Sugiro que coloque o endereço do seu blog no próximo comentário.
    Grande abraço irmão.
    Professor de Filosofia - Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto (Filosofia da Libertação)

  5. Gil Ferreira Says:
    9 de setembro de 2010 às 10:26

    Olá, Márcio, li seu comentário e gostei, não vou replicar, concordo com ele.
    Eu deveria ter escrito de outra forma - "um hipotético ministério de Dilma", ou ainda, "numa suposta vitória de Dilma" e coisas afins.
    Tem toda razão, obrigado. De fato, ela ainda não ganhou. Logo eu, que trabalho com Cenários prospectivos, não levei em conta alguns deles, que, embora pouco prováveis, são possíveis - vitória de Serra, doença de Dilma, segundo turno com Marina etc.
    Se quiser transcrever este e-mail como um comentário seu, fique à vontade.
    Abração,
    Gil Ferreira

  6. Livreiro Márcio Alexandre says:
    9 de setembro de 2010 às 10:28

    Gil, novamente obrigado pela participação....
    Márcio Alexandre da Silva – Professor de Filosofia - Autor do texto: FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO

  7. arioba Says:
    10 de setembro de 2010 às 04:28

    Caro Márcio, é chato na condição de simples engenheiro meter o bedelho na ceara filosófica. Contudo, acho que devemos entender a filosofia sob dois aspectos: acadêmico e como pensamento.

    No academicismo, a filosofia forma "correntes" a começar pelos gregos. O grande equívoco das correntes é se concentrar nas divergências e não nas convergêncis.
    Na forma de mero pensamento, onde de fato somos livres no pensamento indevassável, o projeto de um parafuso demanda "filosofia", a idéia de "utilidade". a beleza de uma flor está ligada à sua utilidade!!

    A filosofia da "libertação" é equivocada advinda do ranço religioso de que o homem tem que ser liberto, muito ao contrário de "se libertar". Começa pelo "pecado original.
    "Por que a Terra é habitada"? Qual a utilidade do ser vivo?
    Um biólogo ateu disse que o ser vivo tem utilidade alguma, como exemplo a barata!

    Todas filosofias "libertadoras" pregam a substituição de uma "ditadura por outra".
    A sociedade humana atual se forma DE LIDERES, DE CORTES E DE OPERÁRIOS.
    As lideranças humanas têm as figuras do "cacique e do pajé", onde o "representante divino como pajé, dá "divinidade" absoluta ao cacique, e o sistema se une na "mentira de enganar para governar", e é assim até hoje.

    As sociedades que apontam para uma civilização mais moderna, TÊM COMO PONTO COMUM, a emergência de uma classe intermediária chamada "média", inexistente até o advento do capitalismo. A classe média é a parte do "povão", que se instrui, que escolhe, que dirige a sociedade pelas instituições, etc. etc., e POR INICIATIVA PRÓPRIA. O grande índice de desenvolvimento de uma nação é o tamanho relativo de sua classe média "autônoma".

    A filosofia de "Libertação", se é que estamos falando da ala católica, TRATA DO SOCIALISMO RELIGIOSO marxista, CUJA FILOSOFIA DO DISCURSO É A OPÇÃO PELO POBRE, MAS CUJA FILOSOFIA DE AÇÃO É A OPÇÃO PELA POBREZA, que é muito diferente.
    Uma nação se torna subserviente não pela opção do "opressor", mormente no campo econômico, mas por opção de suas próprias lideranças que ditam as próprias leis da "corrupção".
    A Libertação é O POVO SE LIBERTAR DE SUAS PRÓPRIAS LIDERANÇAS, e para isso precisa se instruir, o que é diferente de "deixar ser instruído". A caridade só existe por causa da pobreza, e por isso mesmo a libertação pela caridade é manter a pobreza.

    Como encerramento, LIBERTAR DO QUÊ E PARA O QUÊ? Quando UMA NAÇÃO TIVER um "Estado" que nem se percebe, COMEÇA-SE A SE LIBERTAR DO SISTEMA ANCESTRAL DO CACIQUE E DO PAJÉ ao qual ainda estamos submissos na "mentira para governar"!!

  8. Livreiro Márcio Alexandre says:
    10 de setembro de 2010 às 10:33

    Respeito à opinião de Arioba
    No entanto, não podemos classificar tudo que é libertário é socialismo.
    Também faço uma distinção clara: filosofia da libertação não é teologia da libertação. São duas correntes distintas. Penso que isso ficou claro no texto.
    Márcio Alexandre da Silva – Professor de Filosofia - Autor do texto: FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO

  9. Anônimo says:
    13 de setembro de 2010 às 07:55

    Gostaria de contribuir com algumas de minhas reflexões.
    http://coloquiocognitivo.blogspot.com/

  10. Livreiro Márcio Alexandre says:
    13 de setembro de 2010 às 17:49

    O Anônimo do comentário anterior, por favor, mande seus textos [colaborações] para: marciobressane@hotmail.com com o assunto: Blog do Professor de Filosofia.
    Que na medida do possível postaremos suas reflexões.
    Obrigado pela disposição.
    Márcio Alexandre da Silva – Professor de Filosofia - Autor do texto: FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO

  11. Livreiro Márcio Alexandre says:
    13 de setembro de 2010 às 17:52

    O ideal é que outras pessoas participem.
    Quem quiser colaborar envie suas reflexões para o e-mail citado acima: marciobressane@hotmail.com assunto: Blog do Professor de Filosofia.
    Quanto mais opiniões e ideias melhor!
    Márcio Alexandre da Silva – Professor de Filosofia - Autor do texto: FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO

  12. Sirley says:
    15 de setembro de 2010 às 18:54

    Sensacional e instrutivo o seu blog, pois os assuntos filosóficos defendidos são contenporâneos.

    wwwverdadespedagogicas.blogspot.com

  13. Livreiro Márcio Alexandre says:
    17 de setembro de 2010 às 09:09

    Obrigado ao comentário do blog: verdades pedagógicas.
    Participe sempre quando puder.
    Agradecido!
    Márcio Alexandre da Silva – Professor de Filosofia - Autor do texto: FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO

  14. Alexsandro Sant'Anna says:
    17 de outubro de 2010 às 10:53

    Boa tarde Márcio. Parabéns pelo texto e pelo que entendo ser de maior relevância, ou seja, a proposição discursiva do tema. Não acredito ser possível nenhum tipo de argumentação filosófica que não carregue em seu cerne algum pressuposto, mas acredito ser imprescindível tratar de vários temas de relevância sobre a contextualização da condição humana fundamenta na realidade brasileira, repensar valores, e todo o arcabouço de nossa cultura e sociedade. A nossa reflexão é particular, temos direito a uma singularidade filosófica e a coragem de dizermos não a esse "mais do mesmo" que vem lotando de forma inútil as prateleiras dos mestrados e doutorados de nossas universidades. Um grande abraço.

    Alexsandro Sant'Anna.

  15. Anônimo Says:
    9 de novembro de 2011 às 14:18

    Marcio, quando vc diz fomos explorados vc se refere aos indigenas certo? Somos de nacionalidade brasileira e como pensador que somos, creio que nem eu nem vc passamos tais dificuldades como a fome, talvez quem realmente nos explore hj sejamos nós mesmo pois estamos estagnado no fato real de sermos nós mesmo que nos exploramos por meio da nossa propia republica federativa brasileira onde estão os politicos, essa ideia sua de filosofia da libertação nada mais é que uma ideia antiga de Platão sobre o " mundo perfeito das ideias" ou estou errado e no caso de a filosofia brasileira estar tão mal direcionada, não se da pelo estupido fato de os propios estudantes de filosofia como na usp, criarem baderna sem nenhum fim educativo?

    pensador livre