TEMPO...

“Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.”

(Trecho da musica Vida de Gado)

Leva-se tempo, mas com o tempo percebemos, primeiro que nunca temos tempo e segundo o tempo sempre nos faltará.

Percebi que nunca temos tempo para visitar um amigo, ou ouvir uma música. Mas um dia esse tempo acabará mesmo, daí não visitaremos mais amigos nem ouviremos músicas preferidas, pois terá findado o nosso tempo. Por que nunca temos tempo? Não temos tempo de ter tempo...

Com o tempo percebemos duas novidades:

A primeira é que estão trocando especialistas da saúde, pelo doutor google.
A segunda é que um bom programa, às vezes pode ser dormir.

Não podemos esquecer que mesmo descobrindo coisas novas, esquecemos coisas velhas e, as redescobrindo e percebemos que descobrimos novamente. Ironia? Não! Dialética hegeliana.

É preciso reaprender a descobrir e perceber que com o tempo somos chamados a ter atitudes simples, mas que pode nos provocar grandes mudanças de comportamento, tais como:

Primeiro: ficar na praça contemplando a beleza da natureza e da vida.
Segundo: olhar mais pela janela, antes de tomarmos alguma decisão séria.
Terceiro: perceber que o Galvão Bueno não é o único locutor esportivo no mundo.
Quarto: que as novelas globais são a maior mentira contada pela TV aberta, e pior ainda, paga com nosso dinheiro, vindo dos lucros com as propagandas.

Esses olhares para vida, não precisa necessariamente ser nessa ordem.

É preciso reaprender a descobrir que:

Para ser rei no Brasil, não precisa ter súdito ou território, basta ser patrocinado pela mídia que você será o rei do futebol como Pelé, o rei da música como Roberto Carlos e maior aberração monárquica a Rainha dos baixinhos, Xuxa.

Embora sabemos e percebemos tudo isso, o que fazemos para mudar essa realidade?

“Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz”

(Refrão da música Vida de Gado)

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com

12 Response to "TEMPO..."

  1. Mario Augusto Says:
    15 de maio de 2009 às 13:29

    Bom, vou começar o comentário com uma crítica, uma crítica a nós mesmos.
    Nós seres humanos perdemos parte do nossos dias preocupando-se com as coisas mais fúteis do mundo, interligados com a mídia.
    Atualmente até se confunde tentar saber qual é o papel da mídia na sociedade em que vivemos. Em um ponto, muito negativo por sinal, demonstra uma mídia dominadora de opiniões e puramente comercial. Por outro ponto apresenta-se como informativa e educadora. Infelizmente, a nossa mídia não leva a sério suas funções. Cabe a nós, decidirmos se devemos consumí-la ou não.

  2. Anônimo Says:
    15 de maio de 2009 às 15:35

    BELO POST VC PODERIA COMENTAR MEU BLOG SUA OPINIÃO SERIA DE SUMA IMPORTÂCIA PARA MIM www.filosofodeubajara@blogspot.com

  3. Anônimo Says:
    15 de maio de 2009 às 15:35

    BELO POST VC PODERIA COMENTAR MEU BLOG SUA OPINIÃO SERIA DE SUMA IMPORTÂCIA PARA MIM www.filosofodeubajara@blogspot.com

  4. Márcio Alexandre da Silva says:
    15 de maio de 2009 às 18:52

    Mario Augusto registrou a sua indignação. Participe sempre que quiser.
    Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto original (Tempo)

  5. Márcio Alexandre da Silva says:
    15 de maio de 2009 às 18:55

    Agradeço pelos elogios de Alex. Com prazer visitarei seu blog, e tecerei comentários no mesmo.
    Também tenha a liberdade de visitar esse blog (Professor de Filosofia) e colaborar da forma que quiser. Todas as colaborações são sempre bem vinda.
    Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto original (Tempo)

  6. Marli Says:
    16 de maio de 2009 às 16:49

    Muito forte e real o que vc fala, mas infelizmente fazemos parte desta sociedade, consumidos pela necessidade de sempre buscar "inovações" e nos esquecemos que o tempo foi feito pra q td ocorresse a seu tempo..."pois a tempo para nascer, tempo para crescer, tempo para colher e tempo para morrer" e nós não vivemos este tempo como deveríamos viver, infelizmente somos lançados nessa correria do dia-a-dia e nos esquecemos q somos os responsáveis por ela.
    abraços, Marli

  7. Márcio Alexandre da Silva says:
    17 de maio de 2009 às 05:45

    Um abraço a educadora Marli. É um prazer tê-la como comentadora nesse blog.
    Obrigado!
    Sucesso na grande arte de ensinar.
    Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto original (Tempo)

  8. Gabriela silva Says:
    17 de maio de 2009 às 11:40

    Tem razao , esta vida moderna não
    deixa tempo para nada mas também as
    pessoas não se esforçam para tal .
    Nas grandes cidades é um corre corre constante que o tempo também
    parece que voa juntamente com as pessoas . Os pais hoje em dia têm pouco tempo livre para estarem com os filhos , os infantários e escolas substituem as funções muitas vezes desses pais se bem que o papel da escola não é de substituir os pais e encarregados de educação mas sim de transmitir conhecimentos e incutir bons hábitos nos alunos . Há falta de diálogo entre pais /filhos porque as novas tecnologias estão ao alcance de quase todos e os jovens não querem saber de conversa com os seus progenitores . Quando os mesmos têm algumas dúvidas sobre determinado assunto em vez de perguntarem os pais dirigem- se aos amigos ou então vão à net procurar . Muito mais haveria por dizer mas fico por aqui .Parabéns pelo seu artigo.

  9. Márcio Alexandre da Silva says:
    18 de maio de 2009 às 11:37

    Gabriela escreveu “Quando os mesmos têm algumas dúvidas sobre determinado assunto em vez de perguntarem os pais dirigem - se aos amigos ou então vão à net procurar.” Que demonstra claramente a inversão de valor.
    Agradeço pelos elogios ao artigo assim com o importante comentário, obrigado!
    Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto original (Tempo)

  10. Anônimo Says:
    19 de maio de 2009 às 19:24

    Muito interessante o que voce escreve sobre o tempo.

    Ednaldo
    UNIFAI
    FILOSOFIA
    VILA MARIANA-SP

  11. Márcio Alexandre da Silva says:
    20 de maio de 2009 às 08:39

    Obrigado Ednaldo...
    Participe outras vezes.
    Márcio Alexandre da Silva – Autor do texto original (Tempo)

  12. arioba Says:
    31 de maio de 2009 às 05:34

    Caro Márcio, como tenho mostrado, não tenho veia artística alguma, entendo quase nada do que se quer dizer na poesia etc. Então, vou dar minha opinião sobre o tempo.

    O tempo só existe no estágio intermediário da inteligência humana. Os demais seres vivos, em estágio de inteligência muito inferior, não têm a mínima noção do tempo, que é apenas o instante em que vive, isto é, agora, hoje, etc. A nossa percepção surge com a "sequência" que nos torna importante, um dia depois do outro, um ano, etc. etc. E começamos a "medir" o tempo intuitivo pela duração da nossa vida, digamos uns 70 anos!!
    Se admitirmos o paradigma de todas as religiões, de que o ser vivo é uma dualidade entre o organismo material, que morre, e o espírito que não morre, para o espírito não haveria a noção de tempo!! Está muito clara essa noção, por exemplo, na doutrina espírita (não confundam religião com igrejas)!!

    Vou dar uma idéia prática da inexistência do tempo, exceto quanto a "medida" que fazemos, como mero artíficio "matemático" do próprio homem. Exemplo, hora, minuto, dia, ano, etc. etc.
    Suponnhamos que a Terra tenha os 5 bilhões de anos eswtimados pela ciência, e vamos imaginar que isso se compare com um dia de 24 horas.
    Os dinossauros que desapareceram há70 milhões de anos, uma eternidade, significaria para a Terra ter acontecido apenas há 20 minutos atrás. O Homo-sapiens que foi nosso ancestral remoto, teria surgido há 2,5 segundos!!
    Imaginem agora a duração da vida do homem, ou de uma bactéria!! Nen teríamos como medir!!
    Isso é o que considero a "visão espiritual" do tempo, só se pode avaliar o instante presente!!
    Assim, o ignorante completo não tem noção alguma do tempo e nem precisa, e o grande instruído também não o considera. O tempo é a imagem do espírito em formação, tanto intelectual (ciência), como moral (religião) e ética (artes), e tem a ver com a percepção de limintação. É o que somos como "inteligentes", o tempo nos serve para medir a nossa limitação, dívidas para pagar, curso para terminar, etc. etc.!!

    Abraços.